Equipamento

Este documento é uma listagem de observações e recomendações acerca de que equipamento é necessário e como consegui-lo. Há um outro documento a listar dicas de manutenção do mesmo.

Nota importante: consulta antes de comprares qualquer equipamento — especialmente simuladores — para verificar a sua adequação à prática que fazemos.

É importante teres presente que por ser a renascença das HEMA um fenómeno relativamente novo, há muita experimentação na área de equipamento. É bom perguntares se esta secção está atualizada.

 

Simuladores

Tecnicamente não utilizamos «espadas» (nos treinos habituais) mas simuladores: vários tipos de ferramentas com forma semelhante a elas, mas características para as fazerem seguras.

Para te iniciares na atividade chega com um simulador de espada de duas mãos. Com tempo, irás completando a tua panóplia.

Espada

A espada [longa] dos S.XIV e XV é a nossa ferramenta de referência. Forma o corpus central de ensino da Kunst des Fechtens, e desde ela deriva-se o jogo do resto das armas da panóplia.

Quando se trata de escolher uma ferramenta para treinar, basicamente há  duas opções a considerar: a Fechtschwert (por vezes chamada polo nome moderno Federschwert) e a espada preta.

Original (acima) e reprodução por Regenyei da «Espada de Munich», meados do S.XV.

Por espada preta entendemos uma versão sem ponta nem fio duma espada «autêntica», branca. Pode acrescentar outras características para ser mais segura no treino, como uma ponta abotoada e um grau maior de flexão no fraco.

Ao carecer de artifícios como o Schild e ter uma rigidez maior na lâmina, o manuseio parece-se em geral mais ao duma espada branca. Por serem os fios mais finos que os duma Fechtschwert, e por ter uma proporção maior entre fio e champa, o Fühlen é melhor e o Binden nota-se algo mais (ainda que com espadas sem fio sempre há uma carência nisso).

Ter os fios mais grossos (que uma espada branca) implica a) maior massa, b) uma geometria da lâmina diferente (vincos mais largos, etc) ou c) uma largura da lâmina menor.

Quando está bem desenhada e tem as características adequadas, utilizada com controle é o melhor equilíbrio que temos entre realismo e segurança. Olhai em baixo para ver opções de compra.

Fechtschwerten originais do S.XVI

A Fechtschwert (também chamada Federschwert) que vemos nos tratados tem origem incerto. Há desenhos delas em tratados desde o S.XV, mas não fica claro de que arma se trata. Poderiam ser semelhantes aos exemplares que se conservam (do S.XVI) ou poderiam ser espadas brancas às que lhes foram tirados os fios e a ponta, para as virar seguras. Finalmente, puderam não ser Fechtschwert, mas espadas brancas com Shild –isso veria-se reforçado pelo facto de aparecerem nalguns manuscritos causando feridas, e também por aparecerem ilustradas sento utilizadas contra outras espadas sem Schild. Em muitos casos os desenhos das Fechtschwert que há nos tratados parecem mostrar fios e vincos, como a geometria duma espada branca.

Na minha opinião, é melhor evitar as Fechtschwert para o treino geral. As reproduções modernas mais populares (Regenyei) não são muito rigorosas e as que são rigorosas reproduzem ferramentas do S.XVI, mais longas das que nós utilizamos e, possivelmente, pensadas para um contexto desportivo. A isto soma-se que as Fechtschwert modernas e foram desenhadas para ser seguras em contornas de competição, não necessariamente para reproduzir o uso duma espada branca. Introduzem assim artefactos na defesa das mãos, são (habitualmente) longas de mais, e é mais difícil sentir o Binden e o Winden nelas.

(Como contradição ao comentário anterior, seria interessante experimentar a reprodução do «Feder de Liechtenauer» que Landsknecht Emporium fabrica. É possível que a sua morfologia, diferente dos feder «de competição» habituais hoje, seja mais adequada. Nota bene: não temos na realidade nenhum critério para afirmar que a imagem em que se baseia represente a Johannes Liechtenauer).

Existem ainda outras alternativas. Fabricar simuladores em madeira é mui econômico, mas mal se comportam como espadas autênticas e são mui inseguros. Devem ser utilizados apenas como um primeiro passo e com considerável cuidado.

Comprar simuladores sintéticos como os de Rawlings/Red Dragon ou BlackFencer) é relativamente custoso. Estes últimos parecem atraentes mas o comportamento deixa que desejar a respeito duma espada real. Na minha opinião, é melhor guardar esse dinheiro para um simulador de aço.

As armas de espuma ou semelhantes não oferecem nada aqui, além dalgum jogo pontual ou de ser úteis para as crianças pequenas: qualquer pessoa que vaia estudar a Arte do Combate deveria pode iniciar com uma espada de madeira ou aço.

Comprando uma espada preta

Características dessejáveis:

  • Ponta enrolada (rolled tip), ou equivalente, de ~1cm2 de superfície (isto é uma personalização que normalmente há que encarregar; nem sempre é possível, mas é muito recomendável por segurança)
  • Um grau seguro de flexão na estocada, particularmente no terço fraco (indicar explicitamente ao fabricante)
  • Peso entre os 1100 e 1700g
  • Longo entre os 115 e 130 cm (há espadas históricas mais longas, mas no momento estamos a utilizar os modelos mais bem curtos do espectro)

Outras considerações:

  • Evita as guardas complexas (anéis, etc). São históricas, mas serôdias, e criam artefactos na defesa das mãos. Lembra que estamos a estudar a Kunst des Fechtens dos S.XIV – XV.
  • Evita os Shild, Parrierhaken e outras saliências na base da lâmina, pelos mesmos motivos.
  • Uma espada com o peso ligeiramente deslocado para a lâmina, embora mantendo um bom equilíbrio, é algo a considerar. Dá mais presença no Binden e requer mais concentração no uso. Para certas técnicas é positivo, para outras não.
  • Recomendo tomar inspiração estética das espadas mostradas nos manuscritos — mas isto já é uma consideração pessoal. Se procuras algo mais exótico, fica ao teu critério.

Os nossos provedores de referencia na atualidade são:

  • Regenyei Armory: boa relação qualidade/preço. Estável no resultado final (há muitas espadas pretas e brancas suas para estudar antes de encarregar) e fiável nas datas de entrega. Temos espadas do Regenyei na sala — pergunta por elas. A dia de hoje (20200606) o modelo mais recomendável seria o Talhoffer, mas ainda não encarregamos nenhum para experimentar com ele.
  • Albion Swords: espadas desenhadas (mormente) por Peter Johnson, replicadas com sistemas de controle numérico e com acabados muito precisos e cuidados. O controle de qualidade é excelente — e o preço acompanha. O modelo Liechtenauer da sua linha maestro seria o recomendado.
  • A Hanwei Tinker Pearce Longsword. Esta é uma recomendação económica e prática mas polémica, por quanto há más críticas delas na internet. Por contra, nós temos várias na sala, com boas experiências. Tem a vantagem de ser uma espada modular: a folha é apertada com uma chave hexagonal contra a maçã. Isto faz com que, se a folha (ou qualquer outra parte da espada) é danificada, é muito fácil de substituir. Há folhas soltas à venda, e há provedores a fabricar virotes e maçãs também.

Há outros muitos fabricantes de simuladores de espada: consulta a lista de HROARR, por exemplo, para veres. Pode ser interesante experimentar com algum deles, mas lembra ter presente as reflexões anteriores — e pergunta, porque já experimentamos com vários outros e as experiências nem sempre foram boas. Estou ao teu dispor para consultas, dúvidas e ajuda no processo da compra.

Comprando uma espada branca

Para certos exercícios extremamente cuidadosos (treino em solitário, provas de corte em tatami, etc) a melhor ferramenta é a espada autêntica.

As características base da espada branca serão análogas às das espadas pretas, logicamente, mas sem os elementos de segurança (ponta enrolada, flexibilidade adicional). En geral, na hora de comprar uma espada branca recomendo deixar a critério do fabricante a geometria da lâmina.

A espada branca seria, idealmente, réplica da espada preta que utilizamos comummente no treino. De esta forma é possível complementar o uso duma com o doutra. As Hanwei Tinker Pearce longsword de que falamos no apartado das espadas pretas têm a possibilidade de substituir as folhas pretas por brancas, especialmente desenhadas para se assemelharen no manuseio. Esta é uma alternativa económica. Outros fabricantes de espadas podem fazer ambas, e caso de dispor dos recursos, encarregar as duas espadas conjuntamente é uma aproximação recomendável.

Não utilizaremos espadas brancas nos treinos regulares, e o seu uso para o treino a nível particular fica à tua discrição e responsabilidade.

Messer

Seleção de Messer da Landsknecht Emporium.

No Messer histórico há uma enorme variação estilística e formal que podemos ver tanto nos tratados como nos exemplares superviventes. Temos portanto muita margem para a improvisação.

O Messer é difícil de fazer seguro, a dia de hoje. Por ser curto e ter lâmina larga não tem muita capacidade de ter flexão. Ao ser a técnica mais próxima, os virotes e o Nagel são sempre um risco. Não fica outra que extremar o controlo no seu uso.

O aspeto positivo disto é que os simuladores de madeira compartem boa parte dos riscos de segurança com os simuladores de aço (mas não as características de manuseio) e podem ser fabricados simplesmente como material iniciante a partir dum cabo de ferramenta (machada, maça) de 80 ou 90cm e três parafusos. Custo aproximado, 3.5 €.

Há também simuladores de madeira melhor acabados à venda, mas não acho que pague muito a pena.

Comprar um messer

Para comprar simuladores de aço, o provedor de referência é Landsknecht Emporium  (Facebook). Lá fazem os Messer  como é devido: com Nagel através da guarnição e da folha. Além disso, são boas peças de reconstrução histórica. Tem muitos modelos, mas quatro na linha básica:

  • O Günther é o modelo mais pesado. Na atualidade temos três na sala que podes experimentar. É exigente no manuseio e requer uma boa mecânica de movimento para evitar forçar os músculos do braço. Pode não ser a melhor escolha para iniciantes.
  • O Gottfried é o modelo intermédio, e ademais o mais económico. A dia de hoje é o que recomendamos como messer «por defacto».
  • O Karl é o modelo mais ligeiro, até o ponto de ser demais. A ligeireza vai modificar a forma de uso. Eu só o recomendaria para quem tenha problemas para movimentar os outros modelos listados.
  • Há outros modelos belos e chamativos, mas polo cumprimento e morfologia da guarda não são muito adequados para o estudo que nós fazemos.

Eis uma revista dos três modelos indicados da Landsknecht Emporium:

Regenyei tem também Messer a preço comparável, ou talvez mesmo um bocado mais económicos que a Landsknecht. Porém, os seus desenhos são menos rigorosos nas formas e não têm o Nagel rebitado através da lâmina. Comtudo, algum deles é belo, e pudera ser interessante fazer a prova.

Não utilizaremos Messer brancos nos treinos regulares, e o seu uso para o treino a nível particular fica à tua discrição e responsabilidade.

Espada duma mão

Em principio, para a prática da Arte do Combate a espada duma mão é utilizada como o Messer (tendo presente, como é lógico, o cabo mais curto, a maçã, e a ausência de Nagel). O 3227a indica que a Arte da Espada deriva da Arte do Messer (e também que ambas descem do Ringen).

Há argumentos para defender que no contexto cultural dos inícios da Kunst, Messer era a palavra aplicável para qualquer espada duma mão.

Seja como for, se tens interesse em comprar uma espada duma mão como complemento ou substituto do Messer, posso recomendar o modelo número 5 de Regenyei, que tem caraterísticas suficientemente semenlhantes às dos Messer que utilizamos. Há alguma na sala para experimentares.

Archa

 

Vários exemplos históricos de archas.

Ainda pior que o Messer quanto à segurança é a archa (Mordaxt, Pollax, Hache), já que falamos dum arma desenhada para vencer armaduras.

O mais fácil é fabricar um modelo, simples, com madeira. É suficiente uma vara de 180 – 260 cm de longo e ~4cm de diâmetro (melhor se é quadrada), com uma outra peça atravessada a ~30 cm dum dos extremos.

Para exercícios em parelha é melhor que seja ligeira; para exercícios em solitário é possível acrescentar massa nos extremos para melhorar equilíbrio e acercar o manuseio ao duma arma branca.

Em contexto, nas crónicas de Froissart, do S.XIV (mas seguramente iluminado com posterioridade).

Há a possibilidade de comprar pontas e cabeças de borracha. Dá algo de segurança extra, mais nem muita. Podeis encontrar peças em Faits d’Armes e  Revival. us.

Para exercícios em solitário é possível comprar archas brancas razoavelmente históricas a preços relativamente económicos em Museum Replicas (outra), Arms and Armor Manufacture e Arms & Armor. Vale dizer que não provei nenhuma delas — aconselho investigar antes da compra as características e falar com o provedor.

As archas pretas de aço não tem muito sentido, do meu ponto de vista. São mais perigosas que a madeira, e não parecem oferecer nenhuma vantagem significativa.

Não utilizaremos archas brancas nos treinos regulares, e o seu uso para o treino a nível particular fica à tua discrição e responsabilidade.

Adaga

Adaga de rondel preta, com ponta volta, do Peter Regenyei

A adaga que nos é própria seria a «adaga de rondel» — mas, técnicamente, qualquer adaga contemporânea poderia servir (adagas testiculares, por exemplo).

Para os treinos regulares, um pedaço de madeira de ~40cm de longo e 3 – 4 de diâmetro chega. Pode-se comprar torneada a vários fabricantes, como SPES, mas não acho que pague muito o sobre-custo.

Há adagas pretas — ignoro a eficácia da flexão, mas não pode ser muita se o resto da lâmina continua a ser rígida (algo necessário para muitas técnicas) e, caso de serem rígidas de tudo, não são mais seguras que a madeira (antes bem, cair sobre os discos duma delas pudera ser mais lesivo que faze-lo sobre um cilindro de madeira). Porém, para quem tiver interesse: Regenyei.

Em assaltos livres, e para experimentar técnicas com maior intensidade, estamos a explorar as adagas de borracha da Cold Steel. Surpreendentmente (porque a reputação desta empresa é muito ruim) semelham ser relativamente seguras na estocada, mas manter rigidez suficiente para trabalhar a técnica. São, ademais, muito económicas.

Não tem enorme utilidade o uso de adagas brancas para o treino, quer em solitário, quer doutra forma. Porém, para quem tiver interesse, o Regenyei e outros provedores fabricam-nas. O seu uso para o treino a nível particular fica à tua discrição e responsabilidade.

Protecções

Proteções completas para um torneio de espada.

Diferentes tipos de atividade requerem diferente grau de proteções. Não é o mesmo fazer exercícios em solitário que lutar contra oponentes não cooperativos sob a adrenalina duma competição.

Comummente, em aulas é indicado o tipo de proteções que são necessárias, e há equipamento para emprestar a quem não tem. Nos estágios iniciais da prática deveria ser suficiente com máscara e luvas ligeiras. Com tempo pode-se ir comprando o resto.

Pensa que o equipamento que compres, mesmo quando venha com diferentes talhas, pode não se ajustar perfeitamente a ti: não tenhas medo em modificar ou adaptar o que aches necessário. Isto não seria recomendável em geral se se tratasse de material homologado (perderia a homologação), mas no nosso caso isto não se aplica de momento. Há mesmo grupos de facebook dedicados a explicar como fazer ajustes e experimentos.

Provedores gerais:

Listo vários que tendem a ter todos ou quase todos os ítens dos que falo depois:

  • Arcensis: revende material de vários outros provedores. Tem uma loja na Corunha, pelo que é possível ir provar o equipamento antes de comprar.
  • Leon Paul: jaquetas, luvas, etc. Caro, mas de excelente reputação.
  • PBT Historical: jaquetas, luvas, etc. Mais econômico que LP, e nota-se.
  • Neyman Fencing: estão a ter bastante sucesso. Famosos pelas possibilidades de personalização e pelos desenhos variados.
  • SPES: fabricantes da mundialmente famosa jaqueta «Axel Petterson» que estabeleceu o standard para as jaquetas de HEMA que a seguiram. Tem também outro equipamento a preços mais ou menos razoáveis e, geralmente, de qualidade.
  • Gajardoni: de qualidade, elegante no design… e caro, também.

Máscaras

Utilizamos máscaras de esgrima desportiva (com uma exceção, ver depois).

Não são ótimas mas é o que temos pelo momento. Porém, há que lembrar que estamos a abusar de equipamento não desenhado para receber o impacto dos nossos simuladores, mais pesados.  Devemos, portanto, trabalhar com cuidado e controle. Lembra que nada substitui uma atitude controlada e cuidadosa como medida de segurança.

Há alguns experimentos fora das máscaras de esgrima desportiva, mas aconselho evitar os produtos caseiros. A máscara é uma parte muito delicada e não queremos que um arranjo doméstico nos dê uma sensação de falsa confiança que depois possa trazer problemas. As alternativas que de momento acho interessantes, embora necessitem progredir, são:

  • Leon Paul criou dous desenhos de máscara para HEMA: o Titan, que é uma máscara convencional com malha mais grossa, e o Melmet, que é já um design específico. Não provei nenhuma delas, e são bem mais caras que uma máscara normal, mas em princípio a ideia é boa e pague a pena provar se dispões dos cartos. Olha que houve más criticas por ser o controlo de qualidade irregular: faz as tuas pesquisas antes de comprar.
  • PBT tem o modelo HEMA Warrior que está especialmente reforçado para nós, e tem a caluga estendida para reduzir a possibilidade dum golpe nela. Em princípio não necessitaria proteção traseira, mas nunca experimentei com ele.

Na hora de comprar uma máscara de esgrima desportiva, o ideal é uma máscara «de sabre», já que não tem pintura e portanto sofre menos.

Podes comprar máscaras em Arcensis, Grant Anderton ou outros muitos provedores de material de esgrima desportiva.

Também organizamos, desde as aulas, várias vezes no ano compras de equipamento a um provedor da China. Estas costumam ser mais económicas que as que se vendem por aí, se bem não muito. Podes ver várias nas aulas e comprovar que funcionam bem. Se tens interesse em comprar uma destas, fala comigo.

Se vás comprar por livre, lê este artigo útil de Keith Farrell acerca do que significa a gradação nas máscaras de esgrima desportiva (o famoso «350 Newtons» ou «1600 Newtons», ou «CEN1» vs. «CEN2»). A versão curta do artigo é: não podemos fiar-nos dessa gradação porque não indica nada acerca da grelha da máscara (e com a barba não nos importamos tanto). Mas, na dúvida, melhor comprar uma CEN2 se podes.

Proteção traseira para a máscara

Uma limitação da máscara de esgrima desportiva (e os modelos dela derivados) é que não defende a traseira da cabeça. Porém, na Kunst des Fechtens técnicas como o Zwerchhau tendem a produzir golpes lá.

A solução é acrescentar alguma forma de reforço da máscara (o que ajuda também a que esta dure mais) que defenda também a traseira:

  • Leon Paul: O modelo habitual de protecção superior e traseira, semelhante a PBT e outros, está bem. Estão a experimentar também com um modelo rígido que parece uma ideia interessante mas está desenhada apenas para as suas máscaras.
  • SPES: eu tenho a Trinity, mas acho um bocado excessiva. A Unity seria, provavelmente, suficiente. Gosto da protecção traseira: é mais rígida que nas alternativas.
  • Neyman: não gosto muito do desenho nem conheço se defende bem.
  • PBT: aceitável, mas um bocadinho brando na traseira para o meu gosto.

Há outras, e não é difícil fabricar uma na casa tampouco, com um pouco de manha. Até há titoriais para fazer a imagem que acompanha este parágrafo.

O mesmo provedor que nos vende máscaras fabrica uma proteção traseira aceitável por um bom preço. Consulta connosco para ver quando é o próximo pedido.

Jaquetas

Ultimamente há muitas alternativas. Todas têm vantagens e desvantagens, e dependem bastante das preferências. O grau de segurança que proporcionam é, em geral, comparável. Listo as principais:

Fora destas, uma aproximação modular é possível: eu utilizo uma jaqueta «ligeira» adaptada das esgrima desportiva à que acrescento proteções segundo for necessário: reforço no torso, braços, etc. Posso ajudar no processo de compra. Pergunta se tens interesse.

Placas peitorais

Algumas jaquetas pesadas das acima listadas já têm o peito especialmente reforçado com várias camadas e não necessitam isto. Mas para quem utiliza uma jaqueta ligeira, é boa ideia acrescentar um reforço na forma de placas rígidas ou acolchoado denso. Na esgrima desportiva são também comummente utilizados.

Arcensis (há diferentes modelos dependendo da forma do teu peito) e Grant Anderton (um, outro) vendem peitorais rígidos.

Luvas

O santo graal das HEMA: como proteger as mãos e ao tempo reter destreza?

Para a maioria de exercícios é suficiente com umas luvas ligeiras, de teia ou couro: podemos comprar luvas ao mesmo provedor que nos envia as máscaras, se quiseres. Se preferes ir comprar à tenda, a recomendação é visitares Arcensis e perguntares por algum destes modelos:

  • Luvas de couro acolchoadas. Muito utilizadas nas HEMA. Resistentes, mas más de lavar: acabam por cheirar bastante mal.
  • Luvas ligeiras SPES. Muito semelhantes às nossas: eu não acho que compensem polo preço, mas aí fica a opção.

Para um jogo livre intermédio, controlado, em aulas ou fora delas com gente com quem podas confiar, estas oferecem uma proteção razoável para o caso de algum acidente sem sacrificar muita mobilidade:

Para um nível alto de competição, e de preço:

Leva-se falando também da luva ProGauntlet desde há muitos anos. Em princípio parece muito prometedora, mas tenho que experimentar em pessoa para poder afirmar.

Dedos

Muitas luvas presentam problemas para proteger as pontas dos dedos. Há algumas soluções, como os dedais que vende SPES, mas cada mão e cada dedo é diferente, e na minha experiência esses podem ser incómodos e até mancar. Uma alternativa é criares as tuas próprias proteções de dedo para introduzires nas luvas, semelhantes às acima ligadas, mas feitas a medida. Isto pode ser mais doado do que pensas utilizando um termoplástico. Olha:

Há muitas outras alternativas, como personalizar luvas de lacrosse (cá tendes um instructável para o fazer).

Calças

Frequentemente ignoradas, são necessárias.

Nunca achei demasiada necessidade no acolchoamento das cadeiras (embora aí há ossos que puderam ser muito dolorosos caso de receber um golpe: simplesmente não recebo muitos golpes lá) ou coxas. Mas sim acho positivo cobrir estas ultimas, e as pernas em geral, com tecido anti-corte para a (rara) eventualidade da rotura duma lâmina, já que nas pernas há vias e artérias importantes.

Eu prefiro calças completas (de cintura a tornozelo) para cobrir a perna completa e também para reforçar o look dos S.XIV – XV, onde vestiam calças ajustadas à perna. Porém, este modelo é raro de encontrar. Leon Paul costumava vender um para treinadores de esgrima desportiva, mas já não parece ter à venda. O provedor da China a que fazemos as encomendas dispõe desse modelo também, bastante mais económico.

Existe a alternativa (esteticamente mais evocadora do S.XVI) de levar calças 3/4, cobrindo da cintura até justo por baixo do joelho. Estas ultimas são mais fáceis de encontrar e comprar nos provedores habituais.

Estas calças de 3/4 devem ser complementadas com uma meia ou peúga longa, até o joelho.

Outras

Cotoveleiras, joelheiras, caneleiras, braçais, gorjais, e reforços vários no peito ou noutros lugares… Todos recomendáveis dependendo do grau de controle ou intensidade a aguardar.

Uma proteção para o baixo braço + cotovelo é boa ideia, para poder trabalhar o Abschneiden e técnicas de adaga sem grandes dores, e para o jogo do Messer. Eu tenho a primeira geração de Vectir de SPES — há outros. Mirai nos provedores.

Uma alternativa barata para cotovelos (côvados) é comprar proteções de skate ou motocross — essas que ligo são ruins, mas servem bem (eu utilizo as joelheiras para os braços; as peças teóricamente para estes podem servir para alguém de menor estatura ou para reforçar outras partes).

A proteção genital sempre é recomendável. Serve proteção standard para qualquer desporto de contato.

Um gorjal não sobra: a garganta é um ponto delicado. Há vários modelos. Nenhum é cómodo nem barato: Leon PaulNeymann, Red Dragon… Quem se dê jeito pode fabricar um semelhante a este (mas recomendo virar o bordo superior, como no caso do Leon Paul, para atrapar pontas e reduzir dano no queijo).

Os joelhos são delicados também. As canelas menos, mas dói receber um golpe nelas. Não é necessária, porém, muita cousa aí: as protecções de cortar o mato são suficientes.

Roupa

Para as aulas habituais, calças e camisola desportivas são suficientes. De preferência de cor preta (negro) ou pelo menos, escura.

Há uma loja on-line onde é possível comprar, sob demanda, camisolas e pulôvers da Arte do Combate. Porém, é cara em custos de fabricação e envio, pelo que periodicamente pergunto nas aulas quem quer camisolas e, quando temos suficiente gente, faço um pedido a um provedor local.

Sapatos

Recomendo sapatos de sola lisa, ligeiros: no S.XIV a gente caminhava em sapatos baixos de couro fino, e isso modifica a forma em que podemos pisar em determinadas situações. Ao não ter sola de borracha como nos nossos sapatos modernos, também, há menos tração no chão e portanto os movimentos necessitam ser mais controlados.

Recomendo sapatos de boxe ou luta livre:

Mas serviria, em princípio, qualquer «sapato de artes marciais». Mesmo umas Converse poderiam valer!

Histórico de revisões

20220310: substituido a análise dos messer da Landsknecht por David Rawlings por um vídeo próprio, dos três modelos e mais moderno.